Tenho a forte sensação de que tudo isso é uma peça.
E claramente, você está no papel principal.
O meu papel também é importante, mas secundário. E juntos, fazemos um par.
As falas são ótimas e as cenas incríveis. Mas eu tenho a pequena sensação de que fui escolhida ao acaso.
Não como se eu não me encaixasse bem no papel, eu sou perfeita para ele. Mas tenho a sensação de que se fosse qualquer outra, seria igual.
Me parece que as falas continuariam as mesmas, e as cenas, tão maravilhosas quanto antes.
Que os aplausos continuariam sendo de pé, e as palmas tão escandalosas como sempre.
No momento em que entrei no palco, um nervoso tremendo me subiu a espinha.
Se precisasse comer, não conseguiria, pois ele dominava também meu estômago.
Me acalmei e prossegui a cena.
Esta parte eu interpretava sozinha,
só te esperando entrar.
E quando te vi saindo pela coxia, todo o nervosismo voltou.
Tudo sempre fora único para mim.
E a peça só tinha o sucesso que tinha porque era ao seu lado.
Você nunca foi substituto ou um simples ator coadjuvante.Você sempre foi o meu personagem principal.
Me postei ao seu lado durante a cena final e quando as cortinas se fecharam, tive a sensação de que eu não era única.
Não como se você fizesse outras peças em vidas alheias, ou que protagonizasse alguma do jeito que protagoniza a minha. Mas que meu papel indefinido na tua, não tinha minha cara.
E sim uma máscara, podendo ser posta em quem fosse.
Você é meu único. E o único rosto que eu via quando as cortinas novamente se abriam.
Mas tenho a impressão de que para ti, não importa com quem contracena. E que, se não eu, poderia ser outra protagonizado ou ocupando papel de coadjuvante na sua vida. O que for.
Esta peça, que apresentamos escondidos, só fica disponível à nós dois. Eu a releio sempre que possível, só para te ter por um tempo a mais.
E mesmo tendo a impressão de que não faria diferença se não fosse eu,eu não consigo deixar de sentir meu estômago borbulhar quando você entra no palco.
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